quinta-feira, 22 de abril de 2010

Instinto

Suor
rouquidão
roupas
no chão

Gemidos
bocas unidas
lábios molhados
corpos nus
na cama
jogados

Caricias,caricias
e alguns arranhões
nua , crua
devorada
se possível
contra a parede jogada

na mesa , no tapete
no chão
selvagem encontro
êxtase louco
possuindo-te
com insana devoção

depois
sussurros cansados
abraços apertados
nós dois nus
suados
repousando em qualquer
canto
plenamente saciados



Tíulo sugerido por Carine Camargo

sábado, 3 de abril de 2010

Ópium



 



 Era uma lugar obsceno, sórdido , desmoralizado, pra não dizer, um quarto de quinta categoria na rua mais suja de Paris, mas era ali, que ela encontrava o supras sumo do seu prazer, era ali que entregava-se com todas as forças ao lado obscuro da sua vida, a parte vermelha e cinza que maculava, o mundo tão perfeitamente colorido e bonito que viviam para a sociedade. Vermelho da carne, dos prazeres insanos e proibidos, do sangue que ela lhe arrancava com suas unhas. Cinza, das paredes imundas do lugar. Como todo aquele ambiente fétido, era assim que se a bela sentia: indecorosa, horrorosa, ao sair ao encontro dele, todas as tardes que a chamava . A sensação de agir como uma prostituta barata, a repugnava, mas era tal repugnância, que a excitava. Era assim faziam três anos, e ela não sabia como refrear seus impulsos, como deixar de ser a serva fiel, como um viciado, tragava toda a imoralidade, pra depois se torturar com as delicias da culpa.

  Fazia frio e os belos cabelos ruivos foram arrumados de forma que ficassem cobertos pelo capuz negro da sua capa de veludo, procurava sempre vestir-se da maneira menos ostensiva possível, deixava os belos vestidos e jóias para as festas requintada e seu marido, ali, tudo que precisava, era tirar a roupa. Estava nublado, úmido, sombrio, quanto mais se afastava dos cartões postais parisienses, mais se viam  mulçumanos e negros, os quais, principalmente os negros, gritavam vulgaridades, e ela se perguntava, se um dia teria coragem de realiza-las justamente com um homem daquele tipo. O corpo trêmulo, poderia ser do frio, mas não, denunciava apenas a excitação, a antecipação do momento que estava por vir.  Encontrou a pequena pensão com a facilidade, que só o hábito de um ato muitas vezes repetido, proporciona. Alguns bêbados rondavam duas mulheres pouco cobertas, que se ofereciam por alguns trocados, uma delas, ela poderia jurar, era uma travesti. Não perdeu muito tempo olhando, os tipos daquele lugar eram sempre os mesmos. Bateu de leve a porta verde descascada, com um enferrujado 21 pendurado, a voz rouca dele fez-se ouvir e ele não pediu que ela entrasse, exigiu . Ele nunca pedia, ele tomava, invadia, dominava . Ela era sua escrava, ele o seu algoz. O contrário poderia também ser dito.

   Em um covil, com seu algoz: cativa, subjugada, reduzida ao gozo e ao prazer que só atingia quando estava em seus braços, era tudo que precisava, tudo ao contrário, da mulher que sequer se despia, na frente do marido. Apesar de ser dia o lugar era parcamente iluminado e ela só pode ver o brilho de malicia em seus olhos cinzentos quando ele a arrebatou. Os beijos eram voluptuosos, agressivos, dilacerantes. Enquanto a língua dele invadia sua boca, ela se agarrava aos cabelos louro- acinzentado de uma leve textura sedosa e gemia exigindo mais, querendo muito mais do que os ardentes beijos, como um também escravo do seu sexo, ele a obedeceu. As roupas se desfizeram aos seus pés, e os corpos estava livres, dentro de uma gaiola suja, porém livres para executarem somente as ordens do desejo. Se pudessem despiriam pele, derme , epiderme, não que eles quisessem entrar em contato com a alma um do outro. Não! Era um pouco antes disso, era a carne-viva, o sangue. Sangue que corria mais rápido na veias no momento em que ele a penetrava com vigor animal .Sangue que corria no momento em que ela cravava-lhe as longas unhas nas costas, para segurar um pouco a onda de sensações que já a invadiam . Sangue corria ao serem chicoteados pelo prazer. Escravos de uma tórrida e proibida paixão movida apenas por um intuído, a conquista do prazer .

Os corpos moviam-se na velocidade de sua urgência, a boca ávida dele procurava com sofreguidão a dela, ora ele a beijava, ora acariciava seus seios com a língua até não aguentar e deixar suas marcas de chupões e dentes por todo o colo. Ele a virou então de costas, era assim que gostava de penetra-la, enquanto gritava, e pedia que ele a chamasse dos nomes mais sujos que pudesse, e que puxasse seus cabelos, até o pescoço inclinar e da posição em que estava, ela olhar dentro dos olhos dele. Ela, gostava quando ele gozava assim, olho no olho, e de como tombavam cada um para o lado oposto do outro .
  
Ela se foi então, após um rápido banho, sem dizer uma única palavra . Entre eles era assim , falar era desnecessário afinal os atos muito diziam por si . Diziam-se que eles apenas necessitavam um do outro fisicamente , e que depois de satisfeitos estavam livres até que a vontade voltasse com violência como quando acontece a um viciado em sua crise de abstinência, até que eles se debatessem novamente com violência em suas camas frias compartilhadas com seus parceiros que pareciam fazer sexo por obrigação, até dali dois dias, talvez quatro, nunca mais do que isso. Eles eram o ópio um do outro, o único desvio de vidas tão perfeitas, de famílias tão bonitas, e talvez fosse esse vicio que sustentasse toda a coluna vertebral do resto, aquele momento de extravasar o que verdadeiramente eram, escravos loucos do prazer. Sochie então podia vestir sua fachada de mãe e esposa fiel e voltar para o conforto do lar, ele também , voltaria para Ariana depois de um cansativo dia de trabalho e sentaria a mesa da sala de jantar, onde a ouviria falar sobre o dia de pequeno filho, ou talvez, convidasse o irmo e a cunhada, para jantar, assim, poderia come-la com os olhos, e planejar o próximo encontro.