terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Cartaz

 Vazio.
O palco está vazio mesmo.
O silêncio reina, não há platéia aqui, nem mesmo para zombar dessa cena. O algodão remove a maquilagem, e aquele rastro de lágrimas que borrou e ninguém percebeu, já não existe mais. É o fim.
Um amor que se apaga, é um espetáculo que sai de cartaz. Não haverá uma nova temporada. Eu posso jogar a fantasia fora. A fantasia do "eu", que fui por você. Eu já posso me ser, sem truques, máscaras, ensaios, representações...
O fim dessa nossa peça, consiste em: deixar-te de lado, as promessas de que a bilheteria dessa nossa obra renderia bons lucros, despir as roupas abafadas e que não fazem jus a mim, ao meu corpo e alma. Joguei-me fora. Desedifiquei o palco. Desconstitui a personagem. Quero meus gestos de volta.
Ao fechar a cortina dessa peça, eu vou me ter novamente, me viver, me sentir. Ah! Eu vou me ser!
Tão plenamente eu, egoistamente mim, narcisamente ser eu.

Até a hora que eu me apaixonar de novo:

- Dái eu grito, corro,  ensaio, figuro novas caras, carrego um novo jeito de ser, eu faço até  laboratório de amar.


Amélia. Lucélia. Angelina. Marizza. Elisa.Elizabeth. Sophia.Mariella. Carmella...

- Quantas mulheres cabem nem mim?


Posso ser a personagem, a que se condiz ao diretor, mas quem comanda o cartaz, é o amor.