quinta-feira, 24 de junho de 2010

(des) compromisso

 E és como um beija-flor sereno
que repousas em meus lábios
e quantos outros
e tantos mais
 abraços apertados
 amores fugazes
 nós desatados
 
- Ah como queria eu Beija-flor!
que entre tu, e a Rosa
houvesse uma aliança
os elos eternos
dos que estão enamorados

- Por uma rosa
trocarias teu jardim?
- Por um amor
deixarias os outros lábios?

- Ah homem!
não me ouso perguntar-te
porque se em tua essência,
és tão beija-flor
Carrego o vermelho da rosa
em meu interior

Se é a tua natureza beijar
tanta flor
não sou assim,
daquelas que vivem de um único amor!

terça-feira, 15 de junho de 2010

Platônico

Te concretizar
levar longe
explorar
não era para, eu desejar

É isso o que quero
o que preciso
é tão conciso
esse desejo

Te fantasiar
isso eu já o faço
a cada verso
instante
beijo

Beijar-te de verdade
e como a Eros
te enxergar
depois gritar de dor
ferir-me com a flecha
que é o amor

Gritar para o vazio
teu nome, ecoar
porque se um dia
te toco
sinto
vejo
o encanto quebrara

Mais um amante
dos muitos que eu tenho
só e apenas mais um
tu serás

Como posso,
concretizar o meu desejo?
se em ti ,
residem as minhas fantasias
e há um que, de um ser
da mitologia

Se te concretizo
morre em mim a fantasia
não há espaço
para amores carnais
eu não te quero
como aos outros mortais.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Ao amor de mentira

Eu queria escrever para você.
mas as palavras,
morreram na ponta da pena.
Da pena, que eu sinto devocê.
Que precisou me cegar,
precisou mentir.


E as  palavras renasceram
em um amontoado
atordoado
dilacerado
são guerreiras frias
horrendas 
vingativas


Não resurgiram, como a fênix
que renasce bela
e é comovente
minha palavra hoje
é feia
distorcida
ressentida,
um amontoado de ódio.


De tudo o que eu queria
escrever para ti,
não sobraram
nem os restos
nem os rostos
alegres
sonhadores
amados.


De toda a mentira
que me contastes
desmoroaram-se os castelos
as ilusões
as paixões


Tudo virou sombra
dos mil lugares
onde te escondes
das minhas palavras
verdades

acabaram-se em 
pó e cinzas
dos mil cigarros
que voltei a fumar


Sobraram apenas 
em algum  canto
todas as garrafas
de toda a vodka
que eu voltei a tomar.

Acabou-se o encanto

de um  amor 
que não existiu

As palavras bonitas
doces
gentis
e a ternura
se extinguiram

elas não existiram
por isso ,
as palavras morrem
e esse  amor , de
mentira
cairá no esquecimento.

(03/06/2010)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O que não há entre nós

    Não posso dizer nada , ao nosso respeito . Não há frases esboçadas , sorrisos  pintados, o quadro nunca está completo , não nós conhecemos e não existirá obras ao nosso respeito  . Não há nada nosso, nem os olhares , nem a busca por prazer imediato e egoísta .Simplesmente, porque não há nós. Não somos nós , quando estamos juntos, já que nunca estamos juntos , mesmo quando o que fazemos é trocar caricias  O que falas , são pinceladas suaves e superficiais , servem apenas , para reforçar , o nosso acordo pré combinado.O acordo que diz , que depois de saciados, iremos embora em uma estrada , com uma dupla bifurcação . A tua e a minha . Nunca a nossa . Nunca mãos dadas. Nunca um beijo de adeus. Jamais a necessidade de demonstrar carinho . As vezes , meu íntimo pede para que eu grite . Que eu  não quero mais esse acordo . E que eu quero mais.


  Eu quero mais do que carne e sangue . Mais do que essa rotina em que me vejo. Todos os dias , sentada na penumbra da decadência bêbada , dos botecos da vida . O salto fino , as roupas apertadas , desajustadas , feitas para a sedução do momento . As roupas que em segundos , estão atiradas no chão , rasgadas , dilaceras , do mesmo jeito , que acontece com minha alma , quando tudo o que consegues oferecer-me , é corpo , urgência , prazer. Não, nem isso me ofereces, quando estás comigo, é para que teu corpo, sacie-se, tua urgência se aplaque, é somente pelo teu prazer, que serve aquele instante onde não há uma entrega.


  Meu prazer , virou algoz , quando eu descobri , te seguindo , te observando, que teu sorriso é generoso , tuas palavras são tão doces,  sempre com ela..Virei prisioneira de sonhos, inquietações, e angustias românticas, quando me contaram que tu a amas.Eu não sabia que amavas,  nunca me contaste esse segredo, e eu por medo de me expor, aceitando de ti, o que penso é só o que podes oferecer, virei essa caçadora.


 - É isso que pareço aos teus olhos? Uma caçadora de prazer?


   Me olho no espelho, enquanto calço o sapatos vermelho, cor de sangue. Cor do teu sangue. Sangue que é derramado, quando cravo as unhas em ti, não como pensas, para exigir mais prazer. Cravo as unhas, em tua carne porque tento de qualquer forma, infiltrar-me em teu intimo. Tento chegar talvez, ao fundo da tua alma. Entrar no teu corpo. Dominar um coração, que é dela não e nunca meu . Tudo o que consigo é um incentivo para que continues. E gemidos. Os meus . Os teus. Nunca os nossos.


  No fundo, eu te amo , mas tudo o que posso ter de ti, é uma hora ou duas por semana. Quando foges e sem dizer nada, me tomas para saciar, o teu desejo.  No fundo  desse amor , eu te odeio , porque nunca vais me dar nada mais além, do que é  maldição. Além que é  corpo e físico . Nunca haverá rendição. Me olho no espelho , e vejo uma jovem que poderia sonhar com o amor . Bela , bem vestida , e inteligente. Mas por dentro , muito depois adas hastes de ferro e desse vidro  que reflete a mentira , existem os destroços . Manchas de batom , cabelos desarrumados , uma desordem sentimental , alimentada pelo egoísmo que move. O egoísmo doentio, que me diz que se nada mais , eu posso tirar de ti. Então que eu te tire o folêgo. E que tu me leves ao gozo.


  O batom vermelho. Da cor dos sapatos. Da cor do teu sangue. Da cor de um coração que pulsa violentamente de amor. E que sente repulsa. O batom vermelho, é a última etapa. Estou pronta, para nós . Um nós , que jamais existirá.